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Na série Lampião e Lancelote, de Fernando Vilela, o duplo, aquele ser ao mesmo tempo estranho e familiar – conforme termo cunhado por Freud, em 1919, para conceituar questões próprias da arte (Unheimlich) – também se faz presente. Lampião, o anti-herói do sertão, representado em cores próximas ao bronze, ao couro e à terra, se encontra na caatinga com Lancelote, herói da Távola Redonda, da lenda do rei Artur, da mitologia britânica, representado por Vilela com cores próximas ao prata, da sua armadura. Mas o que acontece quando os duplos se encontram em aparente rivalidade?
Numa das principais fases do processo de criação de suas obras, Vilela se vale da xilogravura (técnica em que uma madeira entalhada, depois de borrada com tinta, é comprimida sobre a superfície do papel para ali deixar, impressa, a imagem invertida do que fora talhado na madeira). Seria a folha impressa, então, o duplo da matriz de madeira?