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7.

A obra A Gruta, de Fávish, flerta com a famosa pintura As Meninas, do espanhol Diego Velázquez, pintada em 1656.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Reparem que há nela uma sucessão de planos que se inicia na folhagem de uma floresta e finda numa pequena cerva, dentro de uma gruta, a nos observar. Será que a cerva apenas vigia a matilha que cruza a paisagem? Ou será que está no nosso lugar, lugar do observador, do apreciador de arte, em busca da nossa cumplicidade? Para Flavia Corpas, ao mesmo tempo em que a curadoria da mostra quer saber “o que acontece conosco quando estamos diante de uma obra de arte”, é “esta dimensão da experiência com a obra, de sermos olhados por ela”, que a 1ª MACLI pretende sublinhar. Percebam que, assim como Velásquez fez na sua obra, Fávish, em A Gruta, brinca com as diversas molduras, bem como com vários pontos de vista. Na obra do artista contemporâneo existem três molduras: a da gruta, envolvendo a pequena cerva; a da floresta, que nos remete à boca de cena de um teatro; e, por fim, a moldura da própria obra, do quadro. Porém, se a moldura da floresta nos remete ao teatro, onde está o palco e onde está a plateia?  Somos os espectadores ou os atores desse jogo de cena? Afinal, para o artista que criou a obra, seríamos nós o duplo da pequena cerva que se esconde, aflita, no fundo de uma gruta, a fugir da feroz matilha?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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